Quando falamos em acessibilidade, parece até um bicho de sete cabeças, mas não é. É exigência legal e está previsto na Constituição Federal, desde 1988, o direito de ir e vir, então é muito ultrapassado e desrespeitoso quando uma pessoa chega em um lugar e não consegue “nem IR, nem VIR”. Os direitos de locomoção, igualdade, inclusão social, além da vedação a qualquer ato de discriminação às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, não são assunto recente no país. Segundo dados do IBGE (Censo 2010), no Brasil, mais de 45,6 milhões de pessoas declararam ter alguma deficiência (física, intelectual, auditiva, visual). Como pensar essa questão nos condomínios?
O síndico deve propiciar condições de acessibilidade não só para pessoas com deficiência, mas também àquelas que por uma situação ocasional ou permanente tenham dificuldades de acessar a sua própria unidade, como também as demais áreas comuns da edificação (garagem, salão de festas, piscina, quadra etc.). Não devemos pensar somente nos moradores do condomínio, mas também nos visitantes, amigos, parentes, enfim, nas pessoas, em TODOS.
Hoje os preconceitos são menores, e os espaços de discussão são maiores. Sabemos que a acessibilidade arquitetônica tem suas lacunas em muitos momentos, mas falta em nossa sociedade a acessibilidade atitudinal, que é a atitude da sociedade em querer incluir. Antes de falar de condomínio acessível é preciso saber se as pessoas que habitam esse condomínio têm atitudes acessíveis. Tem?
A acessibilidade é um direito garantido por lei e precisa ser cumprido, ok. Mas estamos praticando inclusão no cotidiano ou estamos excluindo, como há décadas a sociedade vinha fazendo?
Vale dizer, fazer com que a pessoa que tem dificuldades consiga alcançar o seu destino de maneira "segura" e com "autonomia", nos espaços públicos ou privativos.
A acessibilidade depende de todos nós e é para todos nós, pois onde passa uma cadeira de rodas, passa um idoso, uma grávida e um obeso.
Carina Alves, presidente do Instituto Superar (https://superar.com/) desde 2015. Doutoranda em educação especial pela UFRRJ, mestre em letras e ciências humanas e especialista em psicologia do esporte.
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